
No dia 9 de outubro, às 19h, a artista visual Paula Calderón inaugura a mostra individual “A Construção”, uma série de pinturas que aborda o ideário imagético e cromático da artista. Com curadoria de Ralph Gehre, a mostra percorre um imaginário construído em torno de imagens reais da construção de Brasília, de paisagens e de personagens cujas histórias nunca foram contadas, apenas imaginadas em cores inventadas pela artista. Em exibição na Galeria Rubem Valentim do Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, a mostra pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 20h. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre para todos os públicos.
Em “A Construção”, Paula Calderón se propõe a investigar fotografias históricas, memórias de família, pesquisas imagéticas e o livro de cartas de seu avô, pioneiro que veio para construção de Brasília no final da década de 1950. A artista reuniu esses recursos para criar pinturas que mesclam o lirismo da cor com a figuração inventada. Em seu processo de criação, a figuração se manifesta de diversas formas, mesmo em obras com elementos abstratos. Ela estabelece, de maneira constante, uma relação com formas reconhecíveis, como troncos de árvores, tema recorrente em suas séries, ora com maior abstração, ora com representações mais literais.
“O que sabemos das vidas que nos trouxeram até aqui? O anonimato é autor deste enigma.”
Ralph Gehre, curador
Durante todo o processo de criação, a artista dedicou-se a investigar as cores. “A pesquisa sobre a cor, por sua vez, é um elemento mais geral em meu trabalho, permeando diferentes obras e séries, como as que tratam do Cerrado e dos coletores de sempre-vivas. Dedico-me a pesquisar determinados temas por períodos, com idas e vindas, enquanto a pesquisa sobre cor se manifesta em todas as minhas produções”, afirma Paula. A série de cores que compõe a exposição foi concebida especificamente para “A Construção”. “Contei com o acompanhamento da curadoria de Ralph, que visitava meu ateliê aproximadamente duas vezes por mês. Nesses encontros, avaliávamos as obras, discutíamos ideias e ele me oferecia direcionamentos. Foi um processo de criação autoral, mas com constante orientação. A pesquisa que me guia não é a mera reprodução de imagens, pois tudo que crio é fruto da invenção. No entanto, ela se fundamenta em uma base histórica e conceitual”, sentencia a artista.
O curador da mostra, Ralph Gehre, afirma que o trabalho da artista se apoia nas formalidades técnicas que aprendeu sozinha, tentando encontrar uma expressão legítima e coerente, e no aprofundado estudo de cores que lhe concede uma paleta particular. É essa eloquência da cor que a distingue como pintora, permitindo que assuma o traçado singelo das figuras na tradição da pintura modernista brasileira. O curador ressalta ainda que “A Construção” trata da busca das expressões que sustentam as ideias de utopias no fazer planejado de uma cidade. É também parte do fazer espontâneo de seus verdadeiros autores, os pioneiros que vieram para construir a então futura capital de todos os brasileiros: “Assim como na dedicação que a pintura demanda e no fazer-se da artista. O que se constrói é o desejo”, completa o curador.
Lançamento do livro “Poeira Dourada”
No dia 11 de outubro, às 16h, na Galeria Rubem Valentim, no Espaço Cultural Renato Russo, será lançado o livro “Poeira Dourada”, que reúne cartas reais de Augusto Calderón, avô de Paula Calderón, pioneiro que participou da construção da capital. As cartas revelam o cotidiano dos que ergueram Brasília com as próprias mãos, narrando desafios, esperanças e conquistas. A obra traz, em sua capa, uma pintura de Paula Calderón, que também poderá ser vista na exposição. O livro estará à venda no local pelo valor de R$ 82,00.
Sobre a artista
Paula Calderón vive e trabalha em Brasília. Seu fascínio reside na simplicidade, na leveza e no efêmero, traduzidos em pinturas de atmosfera lírica, onde natureza e figuração se entrelaçam. Trabalha principalmente com tinta acrílica, explorando intensamente a criação de paletas cromáticas únicas. Realizou exposições individuais em Brasília e São Paulo, além de diversas coletivas. Sua pesquisa é marcada pelo estudo aprofundado da cor e pela busca por uma linguagem pictórica singular.
Sobre o curador
Ralph Gehre nasceu em Três Lagoas -MS, em 1952. Vive em Brasília -DF desde 1962, onde cursou desenho e plástica, além de arquitetura e urbanismo, na UnB (1972-1980). Passou a desenvolver-se como artista visual a partir de 1980, elaborando pinturas figurativas, como paisagens não identificadas. Ao longo de sua trajetória, expandiu sua experimentação ao campo da abstração, produzindo também desenhos, fotografias e colagens. Sua pesquisa tem como ênfase as relações entre a materialidade da pintura e a composição, ressaltando o processo de leitura da imagem. Em seus trabalhos, utiliza letras e palavras ora como símbolo, ora como experiência poética, discutindo temas da própria história da arte. Foi indicado ao Prêmio PIPA 2020. É representado por Andrea Rehder Arte Contemporânea – SP e pela INDEX Arte – DF, ocupando desde maio de 2024 o ateliê residência da galeria. Entre suas mais recentes exposições destacam-se “Fullgás”, CCBB, curadoria Raphael Fonseca, Amanda Tavares e Tálisson Melo; “História da Arte Brasileira coleção Moraes & Oliveira”, Caixa Cultural, curadoria Renata Azambuja e Emerson Dionísio; Ralph Gehre, Referência Galeria de Arte, Brasília -DF e “Caminhos”, Andrea Rehder Arte Contemporânea – SP; “Atualização do Sistema”, Museu Nacional da República, curadoria Ana Avelar e Tálisson Melo; “Novas aquisições”, MAPA, curadoria Paulo Henrique Silva, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis -GO; “Ciclo Pintura como Cor”, deCurators, curadoria Gisel Carriconde e Pedro Gandra. Participa regularmente da SP -Arte desde 2016. Tem obras incluídas no acervo do MAR -RJ; MUN -DF; MAC -GO; MAB -DF; MASC-SC; FUNARTE -RJ e MAPA-GO.
Membro do Conselho Curatorial do ISC-TCU entre 2018 e 2022. Participou de diversas comissões de seleção e de premiação, entre elas: 24º Salão Anapolino de Arte – GO, 2017 e 2019; prêmio TRANSBORDA de Arte Contemporânea, CAIXA Cultural – DF, 2015; Comissão de Seleção Nacional do Edital Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 11ª edição, 2014. Realiza curadorias de exposições e projetos de expografia desde 1988, tais como a retrospectiva “Pedro Ivo Verçosa”, Museu Nacional da República – DF; Retrospectiva Galeno, Museu Correios – DF; coletiva “Aldemir Martins e o acervo da CAIXA: um nome no centro da coleção”, CAIXA Cultural, Brasília -DF e Fortaleza -CE, 2013. Em 2010 foi curador assistente da coletiva “Aos ventos que virão: Artes visuais em Brasília 1960-2010”, curadoria geral de Fernando Cocchiarale, ECCO-DF.
Serviço
“A Construção”
Pinturas
De | Paula Calderón
Curadoria | Ralph Gehre
Onde | Galeria Rubem Valentim
Espaço Cultural Renato Russo
Abertura | 09/10, às 19h
Visitação | Até 23/11
De terça a domingo
Das 10h às 20h
Entrada | Gratuita
Classificação indicativa | Livre para todos os públicos
Acessibilidade | Disponível
Lançamento do livro
Poeira Dourada
De | Augusto Calderón
Quando | 11/10, às 16h
Onde | Galeria Rubem Valentim
Espaço Cultural Renato Russo
Preço | R$ 82,00
Espaço Cultural Renato Russo
Endereço | CRS 508, Bloco A, Brasília – DF
Redes sociais | @paulacalderon.arte