Ruy Guerra encerra trilogia iniciada em 1964 na última noite de Mostra Competitiva do 57º Festival de Brasília

A última noite da Mostra Competitiva Nacional, ontem (6), no Cine Brasília fechou com uma celebração ao próprio cinema brasileiro. Começou com a exibição do documentário Dois Nilos, sobre o cineasta Afrânio Vital, cuja vida é dedicada à sétima arte; seguido do romance musical afro-surrealista E Seu Corpo É Belo, uma produção periférica fluminense ambientada nas festas black dos anos 1970.

Um marco histórico nesta edição, o longa-metragem da noite foi A Fúria, de Ruy Guerra e Luciana Mazzotti, exibido no Cine Brasília no ano em que se completa 60 anos do golpe militar e da estreia do clássico Os Fuzis, que inaugurou a trilogia de Guerra em 1964.

“Queríamos exibir este filme neste cinema”, afirmou Luciana. Ruy, no alto dos seus 93 anos, foi ovacionado de pé pela plateia do Cine Brasília. Bem-humorado, elogiou e agradeceu à direção do Festival de Brasília, nominalmente a Sara Rocha e Eduardo Valente, respectivamente diretora geral e diretor artístico do evento.

“Foi de uma coragem estética, política e civilizacional trazer este filme nitidamente perseguido política e economicamente, pois nos recusamos a ficar calados”, disse, sob chuvas de aplausos.

Fora das salas de cinema, na área de convivência do Cine Brasília, a programação musical reuniu o projeto Ondas Tropicais, com os DJs Fernando Rosa, Son Andrade e DJ Chico Correa – Live. 

4ª Conferência Audiovisual do Festival de Brasília aponta caminhos para políticas, industrialização e para o desenvolvimento do setor no segundo dia de programação

Em quatro paineis ao longo de toda a manhã e tarde no Cine Brasília, a 4ª Conferência Audiovisual abriu espaço para discussões de caráter prático e propositivo. O dia começou com um painel sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) no Audiovisual, com Cauê Oliveira Fanha (MinC), Raquel Gontijo (Abragames), Guido Lemos Filho (UFPB), Igor Rachid (Abring) e Fred Reis (Gravidade Zero).

Na mesa “Audiovisual enquanto política de Estado, suas transversalidades e desenvolvimento regional”, a mediadora Sara Rocha, diretora-geral do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro apontou a discussão central para o fortalecimento das políticas locais de fomento. 

“É importante entender, a partir das políticas públicas majoritárias, como a gente pode ter umdinamismo, um fomento e uma visibilidade dessas múltiplas manifestações culturais para alcançar um ecossistema forte e potente”, disse Sara.

Roberta Trujillo, representante da SPCine, compartilhou as experiências exitosas  do órgão, como a expansão de 12 salas em regiões periféricas neste ano. “A ideia é chegar em 2025 com 42 salas. A gente é a maior rede de salas públicas de cinema do Brasil. E estamos esperando um estudo que deve apontar que somos  talvez a maior da América Latina ou mesmo do mundo”. Completaram a mesa Felipe Dias (Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Salvador), PH Souza (ABRACI), Paulo Zilio (Ancine) e Igor Bastos (Abranima).

Simultaneamente, houve o “Encontro de Salas de Cinema Independentes”, com  Mauri Palos (Cine 14Bis/SPCine), Suzana Argolo (Cine SaladeArt/UFBA), Thiago André (CINUSP/USP, Mônica Kanitz (Cinemateca Paulo Amorim/RS), Rita Aquino (UFBA), Ângela Francisca (Coordenadora Cine Redenção – UFRGS), Adriano Adoryan e Alex de Oliveira (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

A última mesa do dia, “Estratégias para a industrialização do audiovisual brasileiro” reuniu Thais Olivier (ABRA), Marcio Fraccaroli (Paris Filmes), Marcos Barros (Abraplex), Vania Lima (realizadora), Nichollas Alem (advogado e pesquisador), com mediação do pesquisador Alfredo Manevy.

A programação da 4ª Conferência Audiovisual segue até hoje (7), quando acontecem os dois últimos paineis: “O Desafio da Sala de Cinema e da Tela para o Cinema Brasileiro”, às 10h, e “Premissas e Bases da Regulação do VoD”, às 14h, que contará com a presença da secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura (MinC), Joelma Gonzaga. 

Confira as ementas completas aqui:

https://festcinebrasilia.com.br/conferencia-do-audiovisual-brasileiro/

Última noite de Mostra Brasília celebrou o meio ambiente

Foto divulgação

Apresentada pela atriz Juliana Drummond, a Mostra Brasília – 26º Troféu Câmara Legislativa encerrou a competição mais uma vez com a Sala Vladimir Carvalho cheia. Entre clamores pela preservação do meio ambiente, o público assistiu à animação Kwat e Jaí – Os bebês Heróis do Xingu, de Clarice Cardell, o curta de autoficção Cemitério Verde, de Maurício Chades, e o longa Tesouro Natterer, novo documentário do premiado cineasta Renato Barbieri, que parte do maior acervo etnográfico sobre povos indígenas do Brasil. 

Cerimônia de Premiação começa às 17h

Chegou a hora de conhecer os filmes, personalidades e profissionais do cinema brasileiro que vão levar para casa o estimado Troféu Candango da 57ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, além de outras láureas. 

Serão distribuídos um total de 50 prêmios, incluindo os Candangos, o Troféus Câmara Legislativa, os prêmios da mostra Caleidoscópio, o Prêmio Marco Antônio Guimarães, o Prêmio Abraccine, o Prêmio Canal Brasil de Curtas, o Trofeú  Saruê, o Prêmio Zózimo Bulbul, o Prêmio Canal Like, o Prêmio de Melhor Filme de Temática Afirmativa, concedido pelo Conselho Distrital de Promoção da Igualdade Racial – Codipir. 

A cerimônia de premiação, tal como na abertura, será apresentada por Ana Luiza Bellacosta e Gleici Damasceno, e conta com tradução para Libras e audiodescrição ao vivo. Ela será transmitida ao vivo pelo canal do Festival de Brasília no YouTube.

Programação de filmes do último dia do Festival 

Apesar de as mostras competitivas e paralelas do Festival de Brasília terem sido encerradas ontem (6), o último dia do evento reserva mais filmes para sua programação de hoje. Começa às 9h30, na Sala Vladimir Carvalho, do Cine Brasília, a reprise do longa infantil Abá e Sua Banda, encerrando também o Festivalzinho.

Às 11h, haverá sessão especial do documentário de Michel Coeli sobre o mais violento incêndio florestal no Pantanal, Sinfonia da Sobrevivência, seguido de debate com a equipe do filme.   

Após a cerimônia de premiação, às 21h30 o Cine Brasília se despede da 57ª edição do Festival de Brasília com a exibição gratuita e hors concoursdo documentário de Lírio Ferreira e de Carolina Sá sobre o gênio da música brasileira Hermeto Pascoal, em O Menino d’Olho d’Água.

Encontros Setoriais tem paineis de Curadoria e de Crítica 

No último dia do Festival de Brasília, a Sala de Cinema 2 receberá os dois últimos Encontros Setoriais. Às 14h, o Encontro da Curadoria da Mostra Competitiva Nacional, com mediação de Eduardo Valente, debate a produção audiovisual atual do país a partir da amostra dos 1.180 títulos inscritos na seleção oficial deste ano. 

Em seguida, às 16h, o Encontro Setorial da Crítica Especializada faz uma mesa redonda aberta ao público e centrada no debate sobre os caminhos da reflexão e da produção crítica e da imprensa no cinema brasileiro. O encontro terá participação de Yasmine Evaristo (Feito Por Elas), Neusa Barbosa (Cineweb) e Renato Silveira (Cinematório/Abraccine), com mediação de Guilherme Lobão (UnB).

SERVIÇO –  57º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Data: Até 7 de novembro

Local: Cine Brasília (106/107 Sul), Cia. Lábios da Lua (Gama), Centro Universitário Estácio (Pistão Sul, Taguatinga) e Complexo Cultural de Planaltina.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) somente para as sessões da Mostra Competitiva Nacional no Cine Brasília. Entrada franca mediante retirada prévia de ingressos para as demais sessões.

Programação completa: festcinebrasilia.com.br.

Deixe um comentário