Brasília tem de melhor na Cultura, Entretenimentos, Arquitetura, Design e Decoração, Feiras, Cursos, Workshops, Seminários, Gastronomia, Vinhos, Cafés, Moda, Beleza…
A mostra segue em cartaz até 24 de agosto com entrada gratuita
Brasília foi atravessada por significados na noite de quarta-feira, 18 de junho. A Galeria 2 do Centro Cultural Banco do Brasil recebeu convidados, amigos, fãs e público em geral para a abertura da exposição Flávio Cerqueira – Um Escultor de Significados, individual do artista paulistano que transforma bronze em literatura visual, abordando temas como identidade, classe, raça, gênero e cotidiano com lirismo e força simbólica.
A noite de abertura teve uma programação diversa e pulsante, com DJ ao vivo, apresentações de street dance com B-Girls, batalha de MCs, presença do artista e food trucksespalhados pelo jardim do CCBB. O clima era de celebração — e não faltaram olhares atentos, celulares erguidos e silêncios comovidos diante das esculturas de Cerqueira. Entre 17h e 18h, houve ainda uma visita guiada exclusiva para jornalistas e criadores de conteúdo, acompanhada pelo próprio artista, que conversou com o público sobre seus processos criativos e a importância de ocupar Brasília com narrativas negras, sensíveis e transformadoras.
Com curadoria de Lilia Schwarcz, a exposição reúne cerca de 40 obras, muitas inéditas na capital, e foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como a melhor exposição de escultura de 2024. Dividida em cinco núcleos, a mostra propõe ao público uma travessia entre memórias pessoais, educação e invenção de mundos possíveis.
“Não faço retratos, crio personagens”, afirma Flávio Cerqueira, que ao longo de 15 anos de carreira tem revolucionado a escultura contemporânea brasileira. Suas figuras são congelamentos do tempo — instantes suspensos, como páginas de um livro ou fotogramas de um filme. São corpos comuns com posturas altivas, pés descalços e gestos que questionam: quem tem direito à permanência? Quem pode ser eternizado em bronze?
Para a curadora Lilia Schwarcz, “a linguagem das esculturas do Flávio tem tudo a ver com a arquitetura de Brasília. São obras que falam do povo e da democracia, com uma força narrativa impressionante.” Já o artista reforça: “Apresentar minhas obras aqui é acionar novos sentidos. Brasília é simbólica e precisa ser tensionada por outros olhares.”
Depois de temporadas aclamadas em São Paulo e Belo Horizonte, a mostra chega a Brasília como um verdadeiro manifesto de beleza, reflexão e potência.
SERVIÇO
Flávio Cerqueira – Um Escultor de Significados CCBB Brasília – Galeria 2 Até 24 de agosto de 2025- de terça a domingo das 9h às 21h Entrada gratuita – retirada de ingressos em https://ccbb.com.br ou na bilheteria do CCBB Classificação indicativa: livre
Tião (2017), de Flávio Cerqueira. | Foto: Romulo Fialdini. Organizada em quatro núcleos temáticos — Labirinto da Memória, Um Caminho Sem Volta, Histórias: as minhas, as nossas e O Processo é Lento —, a exposição revela o amadurecimento do artista e os diferentes níveis de elaboração simbólica de sua obra. O núcleo Labirinto da Memória explora o aspecto autobiográfico da obra de Flávio Cerqueira, reunindo esculturas marcantes de sua trajetória. As peças parecem capturar momentos suspensos no tempo, como se fossem cenas congeladas de uma narrativa íntima, representando, nas palavras do artista, “o desejo de pausar um momento e gozar dele, nem que seja por mais uma única vez”. Entre os destaques estão Ex Corde (2010), Tudo Entre Nós (2010), Monólogo (2011) e Iceberg (2012).
Mostra Flávio Cerqueira – um escultor de significados estreia em 18 de junho, com entrada gratuita. Exposição celebra 15 anos de trajetória do artista e passou também pelo CCBB dás cidades de São Paulo e Belo Horizonte, reunindo milhares de visitantes.
Após temporadas de grande repercussão em São Paulo e Belo Horizonte, a exposição Flávio Cerqueira – um escultor de significados chega a Brasília para ocupar a Galeria 2 do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB Brasília) a partir de 18 de junho. A mostra, com curadoria de Lilia Schwarcz, celebra os 15 anos de trajetória do escultor paulistano com cerca de 40 obras em bronze, que exploram temas como identidade, raça, classe, gênero e pertencimento, a partir de cenas do cotidiano.
Com entrada gratuita, os ingressos podem ser reservados no site https://ccbb.com.br ou retirados diretamente na bilheteria do CCBB Brasília.
A primeira e mais completa retrospectiva de Flávio Cerqueira ganha novos contornos ao chegar à capital do país — cidade marcada pela monumentalidade arquitetônica, pela centralidade política e pela diversidade cultural. Lilia Schwarcz, historiadora, antropóloga e imortal da Academia Brasileira de Letras, destaca a relação entre a linguagem escultórica de Cerqueira e o contexto simbólico da cidade.
“A linguagem das esculturas do Flávio tem tudo a ver com a arquitetura de Brasília. A temática, que fala do povo comum — das pessoas na rua, de sandália, de pé no chão — faz muito sentido em Brasília, que é cheia de história e cheia da nossa aventura por democracia. Essa exposição é, sobretudo, democrática e inclusiva”, defende. “Temos visto uma recepção muito emocionada por onde a mostra já passou, com o público se enxergando nesses pedaços de significação que as esculturas carregam”, completa.
O próprio Flávio Cerqueira também celebra a chegada da mostra à capital federal. “Por ser um artista interessado em construir imagens que dialoguem com o cotidiano do cidadão comum, considero Brasília um território essencial para essa mostra”, explica. “Apresentar minhas obras aqui é uma oportunidade de acionar novos sentidos e apontar caminhos possíveis para questões enraizadas na nossa sociedade — como as desigualdades raciais, de gênero e de classe —, justamente num lugar onde tantas decisões impactam diretamente a forma como vivemos”.
Uma escultura que narra, interpela e transforma
O trabalho de Flávio Cerqueira insere a escultura em bronze em novas dinâmicas de representação. Em diálogo com uma tradição que, por séculos, celebrou figuras de poder — notadamente homens brancos —, Cerqueira ergue no bronze personagens que observa no cotidiano, deslocando o olhar para figuras antes marginalizadas e atribuindo-lhes altivez, densidade filosófica e dimensão poética.
“Não faço retratos, crio personagens”, afirma o artista. Cada figura é um fragmento de história suspensa no tempo — “como um instante pausado de um filme” —, e o espectador é quem finaliza a narrativa. A mostra não apenas apresenta as esculturas, mas também os bastidores de sua construção, por meio de objetos de ateliê, moldes e registros do processo artístico.
A curadoria enfatiza ainda que a obra de Cerqueira não se alinha a um realismo documental ou panfletário, mas sim a uma narrativa aberta, em permanente transformação. O livro, elemento recorrente em suas peças, simboliza esse movimento: ora aparece como algo distante, ora como extensão do corpo e da experiência popular. “Entre o corpo curvado de Ex Corde (2010) e a postura confiante de BetterTogether (2020), há o registro da evolução de um pensamento e de uma trajetória”, escreve Lilia Schwarcz no texto curatorial.
Percurso da exposição
Um Caminho Sem Volta propõe uma atmosfera mais dramática e introspectiva. Com iluminação rebaixada e o uso de luz e sombra, o projeto expográfico valoriza a relação das obras com o espaço e amplia a carga simbólica das esculturas. O livro, elemento recorrente na produção de Cerqueira, ganha protagonismo neste núcleo. As obras selecionadas refletem sobre o caráter muitas vezes inacessível do conhecimento formal, especialmente o acadêmico, para a classe trabalhadora — uma distância que o artista questiona por meio de suas figuras.
“Em suas primeiras aparições, livro e escultura eram feitos de materiais distintos, por eu acreditar que essa erudição não me pertencia e não me era possível alcançar. No decorrer da minha jornada, descobri diversas formas de erudição e cultura, e que muitas delas não estão somente em livros”, afirma Cerqueira.
Os núcleos Histórias: as minhas, as nossas e O Processo é Lento apresentam esculturas de maior porte, como Tião(2017) e Em Memória de Mim (2017), além de uma instalação composta por maquetes, estudos, moldes em látex e gesso, e outros materiais que revelam os bastidores do processo criativo do artista.
Completando a exposição, será exibido um documentário em vídeo que oferece uma imersão no universo de Cerqueira. “Uma das coisas que mais me fascinam em ser artista é o fazer e todos os processos que isso envolve, por mais demorado que possa parecer”, reflete o autor das obras.
As obras reunidas ao longo da mostra revelam figuras tipicamente brasileiras, em situações que evocam sentimentos de deslocamento, pertencimento e resistência. A sensação de marginalidade — de estar e se sentir à margem — é um eixo constante, atravessado por narrativas que problematizam questões de classe, identidade, raça e gênero.
Ao integrar escultura, espaço e público, Cerqueira transforma cada visitante em coautor das múltiplas leituras que suas obras despertam. “Meu fazer artístico é o processo de transformação pelo qual passa cada material até se tornar uma escultura: a cera de abelha misturada com óleos e um pó de barro peneirado que transformo em platina e que, modelada por minhas mãos, se torna uma figura.”, comenta.
“As misturas das ligas metálicas como cobre, estanho, chumbo, zinco, ferro e fósforo derretidos a mais de mil graus centígrados que, despejadas em um bloco de areia com dióxido de carbono, eternizam essas formas modeladas em um dos mais nobres materiais da escultura, o bronze”, finaliza Flávio Cerqueira.
Ao realizar este projeto, o Centro Cultural Banco do Brasil valoriza a produção artística contemporânea nacional, promove reflexões sobre a arte como ferramenta de transformação social e reafirma seu compromisso de ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura.
Acessibilidade
De terça a domingo, a ação “Vem pro CCBB”, por meio de uma van, leva o público gratuitamente para o CCBB Brasília. A iniciativa reforça o compromisso com a democratização do acesso e a experiência cultural dos visitantes.
A van fica estacionada próxima ao ponto de ônibus da Biblioteca Nacional. O acesso é gratuito, mediante retirada de ingresso, no site, na bilheteria do CCBB ou ainda pelo QR Code da van. Lembrando que o ingresso garante o lugar na van, que está sujeita à lotação, mas a ausência de ingresso não impede sua utilização. Uma pesquisa de satisfação do usuário pode ser respondida pelo QR Code que consta do vídeo de divulgação exibido no interior do veículo.
Horários da van:
Biblioteca Nacional – CCBB: 12h, 14h, 16h, 18h e 20h
CCBB – Biblioteca Nacional: 13h, 15h, 17h, 19h e 21h
Sobre o CCBB Brasília
O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB Brasília) foi inaugurado em 12 de outubro de 2000. Sediado no Edifício Tancredo Neves, uma obra arquitetônica de Oscar Niemeyer, tem o objetivo de reunir, em um só lugar, todas as formas de arte e criatividade possíveis.
Com projeto paisagístico assinado por Alda Rabello Cunha, dispõe de amplos espaços de convivência, galerias de artes, sala de cinema, teatro, praça central e jardins, onde são realizados exposições, shows musicais, espetáculos, exibições de filmes e performances.
Além disso, oferece o Programa Educativo CCBB Brasília, projeto contínuo de arte-educação, que desenvolve ações educativas e culturais para aproximar o visitante da programação em cartaz, acolhendo o público espontâneo e, especialmente, estudantes de escolas públicas e particulares, universitários e instituições, por meio de visitas mediadas agendadas. Em 2022, o CCBB Brasília se tornou o terceiro prédio do Banco do Brasil a receber a certificação ISO 14001, cuja renovação anual ratifica o compromisso da instituição com a gestão ambiental e a sustentabilidade.
SERVIÇO
Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço: SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de Clubes Especial Sul – Brasília – DF
Flávio Cerqueira – um escultor de significados
Período: 18 de junho a 24 de agosto, das 09h às 21h (entrada nas galerias até 20h40)